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quarta-feira, fevereiro 20, 2008

Portuguesas mais medalhadas no Atletismo Adaptado passam dificuldades

As mais medalhadas atletas de Portugal, em Atletismo Adaptado, são naturais da pequena aldeia de Noval, em Chaves, vivem com sérias dificuldades e são ilustres desconhecidas que querem apenas ser jardineiras.

Longe dos grandes centros e auxiliando o pai que é pastor, vivem as gémeas Margarida e Lucinda, de apenas 20 anos, que se tornaram nas mais medalhadas atletas de Portugal no Atletismo Adaptado.

Margarida é velocista e Lucinda prefere o fundo, mas títulos, é o que não falta às duas irmãs que apesar de serem naturais de Chaves competem pelo clube ANDDEM de Gaia, que se especializou no atletismo para adaptados.


A vida para as duas irmãs nunca foi fácil, mas com a morte da mãe e da avó, há dois meses, as coisas complicaram-se e vivem apenas com o pai, que é pastor e vai à jeira, mas também atravessa dificuldades.

Com o agravar da situação familiar têm sido muitas as pessoas que dizem que "o melhor para as gémeas, era irem para uma associação que as acolhesse", mas nem Margarida, nem Lucinda querem ouvir falar disso: "Não gosto muito da confusão das cidades grandes e enquanto o meu pai for vivo nunca o vou deixar. Ele, às vezes, não nos entende e ralha muito, mas só já o temos a ele e não o quero deixar sozinho", disse Lucinda. Margarida gosta da cidade do Porto, mas separar-se da irmã "é impensável" e diz que o melhor que lhes podia acontecer era arranjarem emprego e poder continuar a viver com o pai em Noval.

Duarte Sousa o pai das gémeas que não gosta muito de falar, sabe que as filhas "ganham sempre alguma coisa para onde vão" e como as dificuldades começam a ser muitas e as filhas estão numa idade muito difícil, diz não ver com maus olhos o facto de o poderem ajudar a educar as filhas: "É muito difícil, sozinho, e com dificuldades, tratar de duas filhas assim. Elas nem sempre me obedecem e fazem-me perder a paciência. São minhas filhas e eu gosto muito delas, mas se em Chaves houvesse uma casa ou um local onde elas pudessem ocupar-se"


Apesar de desconhecidas para a grande maioria das pessoas, Lucinda e Margarida vão sendo apoiadas pelo pelouro do Desporto da Câmara de Chaves, mas também o vereador Castanheira Penas tem dificuldades em dar mais auxílio: "Não as podemos ajudar mais porque não existe nenhum clube em Chaves, que tenha esta área específica do Atletismo, facto que nos causa algum constrangimento. Para poderem participar nas provas nacionais, têm de estar inscritas num clube em Gaia, que tem esta competência".

Em relação aos treinos, até porque estavam a treinar em Valpaços e dada a dificuldade de deslocação, o município está a ajudá-las, através da comparticipação no transporte e no pagamento à professora, assegurando a preparação das atletas: "A professora Cindy tem disponibilidade para as ir buscar à aldeia de Noval, Soutelo, e dá-lhes o respectivo treino semanal e isso é a comparticipação do município. Pagamos-lhe especificamente para este fim e atribuímos um subsídio ao clube, sempre que este é solicitado, pois é graças a ele que as nossas atletas podem participar em competições".


Margarida e Lucinda concluíram o 9º ano e já não têm possibilidades de continuar na escola, mas o seu grande sonho era serem jardineiras onde dizem que se sentem realizadas sem ter de abandonar o seio familiar.

O vereador Castanheira Penas diz que esta "também é uma questão social e como tal tudo o que se pudesse fazer para as tirar do seu seio familiar era estarmos a extravasar as nossas competência, pois essa é uma função da Segurança Social, e a mim até me parece que a melhor integração é a que é feita sem ter de sair do seio familiar. A existência ou não de problemas sai fora da nossa esfera, mas sabemos que já está a ser feito um trabalho específico, para podermos apurar até que ponto as gémeas podem ser ajudadas. A Câmara também tem a componente social e temos lugares específicos para essas situações. Este caso tem realmente importância até porque trata-se de duas atletas portentosas e que têm imensos títulos, facto que faz delas as mais medalhadas em Portugal no que diz respeito a Atletismo Adaptado".


Apesar de estarmos perante as mais cotadas em Portugal e umas das mais bem cotadas no ranking mundial, as gémeas, que com a morte da mãe vivem sozinhas com o pai, que é pastor, são ilustres desconhecidas da população e passam serias dificuldades que a autarquia vai tentar resolver: "Se o futuro delas vai ou não passar pela jardinagem, eu não posso dizer, pois vai depender muito dos relatórios médicos e da acção social. Elas são realmente fenomenais e a autarquia tudo fará para as ajudar."

O facto de existir um clube na cidade de Chaves que tem Atletismo (mas não adaptado), com a criação da já projectada Cidade Desportiva, segundo o vereador, pode ajudar a resolver a situação precária com que as gémeas se debatem diariamente: "A AD Flaviense, mesmo sem grandes condições, desenvolve o Atletismo e com a criação da Cidade Desportiva, onde vamos dispor de equipamentos específicos, pode fazer com que o clube desenvolva essa vertente, pois este concelho é conhecido por ter matéria para ir longe nesta modalidade e a prova é precisamente a Lucinda e a Margarida que são fantásticas e tornaram-se no que melhor há nesta modalidade específica em termos mundiais".


Por Paulo Silva Reis, jornalista "A voz de Chaves"

Foto: O Jogo