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segunda-feira, setembro 18, 2006

Campeão contra as probabilidades

José Monteiro chegou a pensar que estava acabado para as pistas de atletismo mas a vida voltou a sorrir-lhe. O atleta de Tavira, que participou nos últimos campeonatos do mundo para deficientes, em Assen, conta como é ser diferente em Portugal.

No rescaldo do Campeonato Mundial para Deficientes em Assen, que terminou no passado fim-de-semana, na Holanda, (onde ficou em 8º lugar), José Monteiro, atleta paralímpico do Faro e Benfica, revelou ao Observatório do Algarve que, na sequência da lesão grave que sofreu, chegou a pensar que nunca mais pisaria o tartan das pistas de atletismo.

Nascido em 1975, em Tavira, começou a praticar atletismo aos nove anos como fundista. “Fazia tudo, corta-mato e provas de estrada. Era um bom atleta”, lembra.

Aos 16 anos a vida mudou. Após ter desistido da escola, no 6º ano, para começar a trabalhar, foi vítima de um acidente de viação e viu-se forçado a interromper o atletismo.

“Sai da escola e fui trabalhar, comprei uma mota para me poder deslocar para o emprego, mal sabia que essa mesma mota me iria pôr neste estado, com o braço incapacitado” diz arrependido.
Depois de dois meses passados numa cama de hospital, José ingressa numa escola para deficientes, mas nunca mais pensou que fosse voltar a fazer a coisa que mais gostava: competir.

Foi-lhe diagnosticado ‘paralisia do plexo braquial’, que resultou no enfraquecimento e paralisia dos músculos do ombro, braço e mão.

Até aos 23 anos não praticou qualquer tipo de desporto, até que um dia leu um artigo sobre olimpíadas para deficientes, as Paraolimpíadas. Decidiu pesquisar sobre a matéria e descobriu a Federação Portuguesa de Desporto para Deficientes (FPDD), que apoiava atletas fisicamente incapacitados.

“O maior obstáculo que os deficientes têm para praticar desporto é a falta de informação. O Estado e as câmaras municipais não divulgam este tipo de informação, não incentivam as pessoas com deficiências a praticarem desporto”.

Dias mais tarde foi falar com o treinador do Clube de Vela de Tavira e pediu para ser treinado por ele. Inscreveu-se na Associação Nacional de Desporto para Deficientes Motores (ANDDEMOT) e desde então ficou federado como atleta deficiente. Deixou as corridas mais longas que estava habituado e agarrou-se aos 800 metros.

Com as olimpíadas de Sidney na mente, começa a participar em provas internacionais. Estreia-se no Mundial de Atletismo em Birmingham, em 98, com um 8º lugar. No ano seguinte vai a outro Mundial, desta vez em Barcelona, onde ganha o bronze.

Em 2000, nos Jogos Paraolímpicos de Sidney, agarra o segundo lugar nos 800 metros e trás a prata para Portugal. O sonho estava cumprido. Desde então foi sempre presença regular na selecção nacional em competições internacionais.

No decorrer do percurso como atleta sempre contou com o apoio do Estado, apesar dos atrasos nos pagamentos (desde 2004 que não recebe um euro), mas admite que existe alguma discriminação pelo facto de ser deficiente.

“Um atleta que ganha uma medalha fica a ganhar 1.300 euros por mês. Nós, quando ganhamos uma, só ganhamos 380 euros. É injusto”, conclui e adianta: “O Governo explica que ganhamos menos porque o nível de esforço é menor. Ora, eu treino tantas horas por dia como um atleta ‘normal’, dou o máximo como um atleta ‘normal’. Como é que podem dizer que o nível de esforço é menor?”.

Aos 31 anos tem como objectivo participar nas Paraolimpíadas de Pequim em 2008 “se o corpo deixar”, mas a longo prazo tem outras ideias para o seu futuro: “O que mais gostava de fazer era ajudar as pessoas deficientes, não só a nível desportivo, mas também socialmente. Já tenho muitos anos disto e sei quais são os problemas que assolam as pessoas com as capacidades físicas e mentais diminuídas, precisam de ser mais acompanhadas”.

Palmarés:

1998 – Mundial de Atletismo em Birmingham (Inglaterra) – 8º lugar

1999 – Mundial de Atletismo em Barcelona (Espanha) – medalha de bronze

2000 – Paraolímpicos de Sidney (Austrália) – medalha de prata

2001 – Europeu de Atletismo em Assen (Holanda) – medalha de ouro

2002 – Mundial de Atletismo em Lille (França) – 8º lugar

2003 – Mundial de pista coberta em Birmingham (Inglaterra) – medalha de prata

2003 – Europeu de Atletismo em Assen (Holanda) – medalha de prata nos 800 metros e nos 1500 metros

2004 – Paraolímpicos de Atenas (Grécia) – 8º lugar

2005 – Taça do Mundo de Manchester (Inglaterra) – medalha de bronze

2005 – Europeu de Atletismo na Finlândia – 4º lugar nos 800 metros e 5º nos 1500 metros

2006 – Taça do Mundo em Manchester (Inglaterra) – 6º lugar

2006 – Mundial de Atletismo em Assen (Holanda) – 8º lugar

Fonte: Observatório do Algarve